quinta-feira, 2 de agosto de 2012

text #2

Divagando


Talvez os diferentes pedaços de céu que rasgam oceanos e mares te pudessem conduzir até mim por terra. Talvez as estrelas que iluminam as noites escuras e frias te pudessem orientar nos teus desertos de pensamentos. Talvez o café da manhã te soubesse melhor tendo-me na tua vida. Ou talvez não.
Talvez te arrependas das promessas e das palavras ditas em vão, dos encontros e desencontros, dos beijos quentes e ternos. Talvez sintas saudades, talvez não. Talvez lamentes, talvez te arrependas, talvez te lembres. Talvez tudo e mais alguma coisa. Talvez nada e somente isto.
É como eu: uns dias lembro-me, uns dias lamento, uns dias arrependo-me. E é também como tudo na vida: noites frias e noites quentes, preia-mar e baixa-mar, anoitecer e amanhecer. Círculos e espirais, labirintos e quebra-cabeças, traços e contornos numa pintura surrealista.
Contigo ou sem ti, o mundo continua a girar em torno do Sol, os dias e as noites continuam a passar. Mas a Lua cheia não brilha da mesma forma, o chilrear dos pássaros não é tão límpido e o piano e a sua melodia parecem adormecidos.
Tudo está diferente, tudo mudou. Já nada é o mesmo. E eu continuo a percorrer a minha estrada, pé ante pé e de olhos vendados, esperando não cair sobre nenhum precipício.
Caminhamos em rumos opostos num mundo seguramente redondo. Talvez nos voltemos a cruzar, talvez não.
Lembranças de mim? O gosto pelo amargo do café, o olhar cansado, o cabelo ondulado, o sorriso rasgado.

2 comentários:

  1. Lindo. Sinceramente acho que foi o teu melhor texto. E compreendo tão mas tão bem todas estas tuas palavras... A vida é mesmo irónica. Lindo, lindo, lindo. Parabéns* Está provado que a escrita tem mesmo fases. E de vez em quando tem daquelas boas. Muito boas fases.

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  2. Ainda bem, isso é que é preciso. Inspiração! Não sei exactamente porquê. Mas foi o que senti quando acabei de ler este texto. Talvez porque tenha pensado para mim própria que muitas das vezes nem nós sabemos exactamente o que queremos. Mas isto, já sou eu a divagar.

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