quarta-feira, 25 de agosto de 2010

cinco caminhos, um destino.

Estava a precisar disto, de uma viagem que me descolasse das quatro paredes que envolvem o meu quarto e me levasse a ver novos horizontes e outras realidades.

Estranhamente sentia aquele desejo de partir para um outro qualquer lugar, só pelo prazer de deixar de lado a rotina diária e monótona e quebrá-la.

O efeito que uma viagem provoca pode ser comparada a um balde de água fria que não nos é atirado, mas sim quando somos nós próprios que mergulhamos lentamente na água as nossas cabeças, muito devagar. Ela não precisa de estar muito fria, a mudança não precisa de ser drástica. No entanto, esta tem a capacidade de percorrer cada recanto do nosso rosto, passando por detrás das orelhas, atravessando os fibrosos cabelos, até chegar ao início do pescoço. Quando retiramos para voltar a inspirar o ar fresco, a viagem termina. Sentimos-nos diferentes, mais enriquecidos por dentro e por fora e com a necessidade de partilhar cada momento vivido com os nossos.

A minha viagem foi feita por terra. Teve início em Lisboa e o destino final, Santiago de Compostela.


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A ida a Santiago enriqueceu-me bastante. É uma cidade bonita, imponente, limpa, fresca, com edifícios antigos, ruas estreitas e bastante movimentadas e uma praça larga de onde se ergue aquele que é para muitos o destino final de tantos; a Catedral de Santiago de Compostela.
Tive a oportunidade de realizar a última etapa que os peregrinos fazem até avistarem pela primeira vez as torres da Catedral (Monte do Gozo), após percorrerem tantos quilómetros a pé desde tão longe, durante semanas e por vezes meses. É uma experiência realmente muito boa, ver todas aquelas pessoas caminhando em direcção a um único objectivo em comum, desapegados de quaisquer bens materiais e carregados de sonhos, de histórias para contar, de medos que ultrapassaram e vitórias que alcançaram. E é muito agradável também assistir ao contentamento manifestado por todos eles quando se apercebem que o seu objectivo foi finalmente concretizado e se deparam diante da Catedral. Soltam gargalhadas, riem-se, deitam-se no chão, abraçam-se, choram de alegria.
Por vezes acontece que nem todos o fazem por uma questão de crença religiosa, mas sim pelo espírito de aventura e de sacrifício, pela curiosidade, pelo esforço e pelo trabalho de equipa que se exige.
Os caminhos de Santiago são vários, mas acabam por se unir todos num só, onde se cruzam diferentes raças, culturas, crenças, idades, sexos, sonhos, histórias, vidas.

Os mais antigos diziam que havia no céu uma estrela grande e brilhante que guiava os peregrinos até à cidade. O que é certo é que quando lá cheguei a estrela ainda lá estava. :) *

1 comentário:

  1. Sabes o quanto desejo fazer esta viagem . Que não é nada mais nada menos do que uma viagem interior . É assim que a vejo . Uma viagem, onde te descobres a ti própria. Espero um dia, poder fazer o percurso completo. Há muito por descobrir, muito por ver .. Desejo ter histórias para contar, fotos para recordar, e espero voltar com uma alma nova. O Caminho de Santiago tem uma história linda, e coisas mágicas e estrondosas á espera de serem vistas . O texto está muito bonito *
    Beijinhos.

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