segunda-feira, 22 de novembro de 2010

#10 LETTER TO SOMEONE YOU DON'T TALK AS MUCH AS YOU'DE LIKE TO

Encontro-me no sofá da sala, enroscada nas roupas quentes que a estação obriga a usar e simultaneamente envolta nos meus pensamentos. A televisão está ligada mas, para mim, tudo o que me rodeia encontra-se estático e mudo. Lá fora, a chuva cai silenciosamente. O dia está frio. Não há nada para fazer, sem ser pensar, pensar, pensar... Reflectir sobre o passado, o presente e um futuro próximo. O meu olhar mantém-se fixo.
O fogo que arde na lareira parece perder a sua intensidade e vitalidade de minuto para minuto. Mas o calor emanado, continua a ser suficiente para manter a atmosfera da sala quente e acolhedora. Ainda assim, há a hipótese de voltar a atear um fósforo e ver de novo o fogo a emergir, quase do nada, cheio de brilho e energia. Uma energia, desta vez, nunca antes vista. Uma energia fugaz que transborda inúmeras sensações. A sala ficaria ainda mais quente e acolhedora, como se estivesse cheia de corpos humanos a transbordarem calor e vida e lá fora o Sol brilhasse incessantemente.
De repente, um arrepio percorre o meu corpo juntamente com uma estranha sensação de incómodo, insatisfação e inquietação. Acabo de acordar dos meus pensamentos.
Quase de imediato, levanto-me do sofá e dirijo-me lentamente para o meu quarto. Acendo a luz e sento-me na cama, admirando por breves instantes as quatro paredes que o envolvem.
Em poucos minutos, dou por mim a procurar aqueles dois álbuns que guardam aliciantes histórias e momentos; um mais recente que o outro.
Folheio uma a uma, cada página de cada álbum, observando cuidadosamente cada fotografia.
Reparo que do primeiro para o segundo, existem rostos que progressivamente foram desaparecendo das páginas e outros que se mantiveram. Existem também memórias de locais impressos em papel e tinta. Existem sorrisos estampados de amigos, de familiares, de conhecidos e de pessoas que marcaram a minha vida e simplesmente, deixaram-na...
Pergunto-me "porquê?" e sinto um aperto generalizado no coração e na garganta. Oh que vontade eu tenho de te abraçar agora, de recuperar o tempo perdido, de voltar a partilhar segredos e conversas, de saber como te sentes, o que tens feito e por onde pairam os teus pensamentos e emoções... Queria saber tudo isso e, talvez, um pouco mais.
Queria que me ajudasses a compreender aquilo que nunca compreendi. Queria que o teu rosto voltasse a encher os meus álbuns de fotografias, assim como o fogo na lareira voltaria a dar aquele encanto especial à sala.
Mas mais importante que tudo o resto, queria saber se valerá mesmo a pena recomeçar de novo ou se dou como concluída a nossa história. Pois para mim, neste momento, tudo deixou de fazer sentido.

Com amor, Patrícia.

3 comentários: